“E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença...” (João 9.1).
Esta Pastoral é baseada na mensagem de domingo passado, 24/03, do culto da manhã, por Thiago Passos.
Jesus é pessoa detalhista. O texto diz que Ele viu um homem cego de nascença.
Os relatos bíblicos mostram Jesus, tendo contato com cegos e Ele os curava. Outro é o Bartimeu, conhecido como cego de Jericó, relatado em Mc 10.46 a 52. Ouvindo que era Jesus se aproximando de onde ele estava, foi ao encontro de Jesus, clamando por misericórdia e, também, foi curado.
Vemos dois cegos, duas circunstâncias diferentes, mas Jesus, independentemente do contexto ou circunstância, mostra que Ele é o Deus amoroso que está sempre pronto para nos socorrer.
O cego do relato de João 9, Jesus o viu; o relato de Marcos 10, Jesus ouviu o clamor de Bartimeu. Para ambos, Jesus deu-lhes a visão.
Jesus tanto pode dar, no caso a cura para quem nunca enxergara, como restituir a visão, no caso de Bartimeu. Se Jesus não tivesse visto e parado, aquele cego de nascença certamente continuaria no anonimato. Mas Jesus não nos deixa no anonimato. Jesus viu e parou. Isso trouxe uma abertura para ação.
Ao verem Jesus parando e dando atenção ao cego, os discípulos perguntaram se a cegueira era por causa do pecado dele ou de seus pais. Esta pergunta tinha como base uma crença judaica de que, quando uma pessoa nascia cega, era devido a um pecado próprio ou dos pais; provavelmente dos pais.
Com esta discussão, Jesus solucionou três problemas diferentes: no capítulo 8, Jesus tinha dito aos fariseus que Ele era O Filho de Deus, mas eles não creram nEle.
Então, com a cura do cego de nascença, e de modo tão diferenciada, ou seja, cuspindo no chão, fazendo lodo, e passando nos olhos do cego, Jesus responde em três níveis como ditos acima.
Primeiro, de acordo com o Talmude (coletânea de livros sagrados dos judeus rabínicos que fala sobre a lei, ética, costumes e história do judaísmo), a saliva do filho primogênito tinha propriedades de cura. Por essa razão, era recomendado passar o cuspe do primogênito nos ferimentos dos demais familiares. Jesus é o primogênito de Deus e de seus irmãos (Rm 8.29). Fazendo assim, Jesus está reafirmando ser O Filho Unigênito de Deus.
Segundo, de acordo com a Lei judaica, um cego não poderia servir a Deus (Lv 21.17 e 18). Como já mencionado, o povo da época de Jesus acreditava que a cegueira era consequência de pecados; esse pensamento não apenas causava a exclusão da graça e da misericórdia de Deus como, também, excluía o cego do convívio das pessoas. Só Deus poderia reverter aquela situação.
Passando a ter a visão, a família do ex-cego também seria agraciada e o convívio na sociedade da época certamente seria restaurado. Jesus faz isso conosco. Ele nos inclui, nos dá visão, nos restitui, nos agracia.
Terceiro, lavar-se no tanque de Siloé pode ser interpretado como a oportunidade de ver, em primeiro lugar, a sua imagem feita conforme a imagem e semelhança de Deus, conforme Gn 1.26 e 27: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.
Queridos, dessa forma, além de realizar o milagre da cura física, Jesus ainda restituiu a dignidade daquele homem junto à sociedade e junto a ele mesmo. Jesus é o mesmo.
Ele tanto nos ouve como nos vê. Seu desejo é sempre nos alcançar com Sua Graça.
Que Deus nos abençoe e que nenhuma cegueira espiritual possa tirar a nossa visão de Deus amoroso, misericordioso, bondoso!
No amor do Mestre,
Pr. Elbem Sardinha
NOTA: Mensagem pregada pelo irmão Thiago Passos no culto da manhã, do domingo passado, na IEVY.
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