“Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”. (João 3.18, 36); 5.4; 1João 5.10 a 12
O propósito desta Pastoral é reafirmar, a cada um, que a experiência de salvação é pessoal e individual. Cada um precisa passar pelo Novo Nascimento para se tornar filho de Deus, porque Deus não tem netos. Deus só tem filhos.
Como temos muitos irmãos que não conhecem a história da IEVY e por estarmos comemorando 47 anos de existência, quero fazer breve relato. Estávamos às vésperas do carnaval de 1970. Eu e a Leila tínhamos planejado saída de férias em fevereiro para viagem com a família; tínhamos o Júlio com três anos e a Raquel com dois meses.
Por questões de necessidade da empresa, não pude tirar as férias. O chefe me ofereceu emendar os feriados de carnaval. Era pegar ou largar! Nem eu e nem ele sabíamos que ele, embora não temente a Deus, estava sendo usado pelo Eterno para nos abençoar.
Eu e Leila resolvemos descansar durante essa semana de férias e ouvir ministrações da Palavra de Deus, na Estância Palavra da Vida, em Atibaia. Eu era Presbítero da IPI, Presidente dos Jovens e Professor dos Jovens na EBD; a Leila era Vice-Presidente dos Jovens e Professora de Crianças na EBD. Chegamos lá na segunda-feira de carnaval e saímos no domingo seguinte – uma semana abençoada!
O tema das ministrações da semana foi Escatologia: O Arrebatamento da Igreja, A Grande Tribulação, O Milênio e O Juízo Final. Deus usou os palestrantes poderosamente para falar aos nossos corações que estavam endurecidos para as verdades da Palavra de Deus.
A Palavra de Deus realmente é poderosa e foi falando de mansinho e calando em nosso coração. Todas as mensagens falaram conosco, mas a mensagem que mais impactou meu coração foi “Deus não tem NETOS. Deus só tem FILHOS”, do sábado à noite, tema desta mensagem.
Numa das madrugadas, Deus falou audivelmente com a Leila: “Sê testemunha!”. Ela pensou que eu estivesse falado dormindo. Examinou as crianças se estavam dormindo, deitou-se novamente e a voz repetiu: “Sê testemunha!”. Não tínhamos entendido que Deus estava falando conosco para ser testemunha dEle, do que Ele queria fazer em nós e através de nós.
No culto de encerramento da semana, no domingo, deram oportunidade para testemunhos. Falei que estávamos saindo dali de forma diferente do que quando chegamos e com novos propósitos de servir a Deus com seriedade – levar a sério as coisas de Deus.
Na volta da Estância, contamos aos nossos familiares o que Deus tinha feito em nós na semana: “É sempre assim: quem vai a acampamentos volta entusiasmado, mas depois esfria novamente...”. A resposta foi que, desta vez, era para valer! Comentando no Conselho da Igreja, um dos Presbíteros disse: “Isso é fogo de palha! Já, já é só cinzas!”. Respondi que não era fogo de palha, mas fogo do Espírito Santo de Deus e tomamos a decisão de levar Deus a sério...
Planejamos realizar uma série de Conferências Evangelísticas sob o tema “Deus não tem netos. Deus só tem Filhos!”. Pedimos ao Conselho e sugerimos o pregador, que seria convidado, ao que o Conselho autorizou. O pregador foi o Rev. Joaquim Correa Lacerda, meu tio.
Nós precisávamos nos preparar em oração para as Conferências, que aconteceriam em maio de 1970. A gente arruma tempo para tudo, menos para orar. Como líder dos jovens, e que desejava levar Deus a sério e experimentar Deus agir, marcamos a reunião para as sextas-feiras, às 23h30, em nossa casa, porque muitos jovens estudavam à noite e, no sábado, poderíamos dormir até mais tarde...
A 1ª reunião, em abril de 1970, com seis pessoas; a 2ª com quatro; a 3ª com oito, e foi oscilando até chegar a mais de 80 pessoas. Essa reunião durou 20 anos em nossa casa – até 1990.
Chegaram as Conferências. Foi uma bênção! Coisa que não era usual naquela Igreja foi feito naqueles dias: apelo para salvação, para entregar a vida a Jesus, para recebê-lO como Salvador e Senhor... Qual foi nossa satisfação e surpresa de ver, entre outras pessoas, coristas saindo de seus lugares no Coral, e indo à frente, chorando, e recebendo a Jesus como Salvador! Glória a Deus! Eram filhos de crentes, mas não eram filhos de Deus! Deus não tem netos; Deus só tem filhos!
Veio a 2ª série de Conferências, cujo pregador foi o pastor batista e avivalista, Rev. Silas Gonçalves. Grandes bênçãos! O grupo de oração cresceu com os convertidos e outros que não estavam com o grupo de oração. Mais intercessão, mais clamor, mais lágrimas e Deus ouviu nossas orações: dezenas de decisões por Jesus! Nossa casa ficou apertada. A classe de jovens na EBD cresceu com novos salvos, entre eles o que veio a ser pastor depois, Adolar Missé. Durante as aulas na EBD, houve várias decisões...
Em setembro de 1970, conhecemos um casal de missionários, que veio participar da reunião de oração. Casa cheia. Deus usou o casal através dos dons do Espírito Santo de revelação e profecias, curou enfermos; Deus batizou no Espírito Santo a irmã Beralice; um reboliço! No sábado, a Leila, orando sozinha, foi batizada no Espírito Santo!
O fogo santo inflamou a Igreja e sinais e maravilhas aconteceram naquela Igreja. O pastor Josué Xavier participou do grupo de oração por seis semanas, com fervor, e foi poderosamente abençoado por Deus.
As Conferências continuaram e o grupo de oração crescia a cada semana: chegamos a ter 80 pessoas orando em nossa casa de cerca de 60m².
Depois, começaram as restrições pela liderança da Igreja, mas não tinha mais jeito – o fogo santo inflamou os corações, buscando vida de santidade, odiando o pecado, amando as vidas perdidas, buscando o batismo no Espírito Santo e voltando para a Palavra de Deus como nunca! Parecia coisa nova para nós.
No carnaval de 1971, um grupo de 30 jovens da Igreja participou do Encontro de Avivamento Espiritual, em Assis, promovido pelo Sínodo da IPI da Alta Sorocabana. Lá, ficamos sabendo que estava acontecendo o mesmo com outras igrejas da denominação e nos identificamos com Igrejas pelo Brasil: um poderoso Avivamento Espiritual! Aleluia! A IGREJA OROU E DEUS OUVIU AS ORAÇÕES E INFLAMOU A IGREJA! Era o derramar do Espírito Santo profetizado por Joel, 2.28 e 29. Voltamos de lá mais conscientes e com novos propósitos de servir e amar intensamente a Deus!
Uma verdadeira, legítima e poderosa ação do Espírito Santo de Deus, ou Renovação Espiritual, aconteceu naquela Igreja, dentro da ordem e da decência, sempre com respeito às autoridades da Igreja. Na perseguição, o Conselho da Igreja ficou dividido.
No sábado, 28 de abril de 1972, cada um dos 40 envolvidos com o Avivamento Espiritual recebeu uma carta individual comunicando a exclusão da Igreja por decisão superior, por estarmos contrariando as doutrinas da Igreja com envolvimento em pentecostalismo, avivamento, renovação espiritual, obra carismática, batismo no Espírito Santo, dons espirituais, fanatismo! Aleluia! Não foi por pecado, não foi rebeldia, não foi desobediência, mas foi por esses irmãos desejarem levar Deus a sério e uma vida mais santa, voltar-se para a Bíblia e aceitá-la como Palavra de Deus, orar intensamente: fomos taxados de fanáticos!
Foram excluídos 40 membros dos chamados “avivados” da IPI, entre os quais havia 5 Presbíteros e 7 Diáconos e Diaconisas, mais 40 crianças, adolescentes e jovens ainda não professos na fé. Ficamos sem rumo e sem destino.
Fomos acolhidos pelo Sr. Alcebíades, já falecido, da IPB e que não participava do grupo de oração. Ofereceu a garagem e o corredor externo de sua casa para nos acomodar... depois cedeu a sala e invadimos a casa toda.
A primeira EBD e o primeiro culto foram realizados em 7 de maio de 1972, no mesmo endereço onde estamos há 47 anos, e a primeira mensagem pregada no novo endereço foi pelo Dr. Cis Augusto Pereira, cirurgião dentista, homem cheio do Espírito Santo.
No final de maio de 1972, o Sr. Antônio nos ofereceu o terreno ao lado de sua casa para construirmos, por nossa conta, um salão. Aceitamos e construímos um salão de 6m x 25m. A primeira diretoria – sem estar oficializada legalmente a Igreja – foi composta pelos presbíteros Ageo Silva, presidente; Orlando Motta, secretário; Hugo Hardt, tesoureiro; e os presbíteros Benedito Soares Rodrigues e Luís Montoanelli. Colocamos mãos à obra com zelo e amor!
Fizemos a campanha de construção entre os membros e construímos nosso primeiro salão de cultos, em 5 meses, que foi inaugurado em 2.11.1972! Colocamos uma faixa à frente do pequeno salão de cultos: SÓ JESUS! Era a nossa divisa, o nosso alvo, o nosso anseio, a nossa bandeira!
Realizamos o primeiro batismo no domingo, 5.11.1972, com a assistência dos Pastores Palmiro de Andrade, da IPIR de Arapongas, e do Pr. Henrique Scalco, da IEQ, oportunidade em que 31 pessoas do grupo dos 40 desceram às águas, com júbilo de alegria e manifestação de dons espirituais. Marcante! Estávamos ligados à IPIR.
Durante o ano de 1974, fomos pastoreados pelo Pr. Jobel Cândido Venceslau, que repartiu o seu tempo com a IPIR do Centro de Osasco. Ele preferiu ficar só com a IPIR de lá a partir de janeiro de 1975.
Consultada a Igreja em Assembleia, esta foi unânime em se desligar da IPIR e se unir à Primeira Igreja Evangélica do Cambuci, liderada pelos pastores Mário Bovi e Walter Rodrigues, em março de 1975, com a qual tínhamos intensa comunhão e afinidade.
O Pr. Walter Rodrigues nos deu assistência e pregava de vez em quando. Fomos assistidos também pelo Pr. Nilton Tuller, Dr. Cis Augusto Pereira.
Por que eu repeti toda esta longa história? Porque muitos da Igreja não a conhecem e sinto que precisamos reafirmar esta mensagem a esta nova geração de pais e filhos: “Deus não tem netos. Deus só tem filhos!”. Filho de crente não é crentinho e nem neto de Deus! E a Igreja de hoje precisa orar mais e levar Deus e as coisas de Deus a sério. Assim, vejamos algumas VERDADES dentro do tema:
1ª) NO PLANO ETERNO DE DEUS, A SALVAÇÃO É PESSOAL E INDIVIDUAL
Cada pessoa individualmente precisa crer e receber a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal e Senhor de sua vida: “Quem nEle crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.” (Jo 3.18). Este “quem” se refere a uma pessoa individual; quem não tem plural. Como pai crente, tenho a obrigação de transmitir o evangelho para meus filhos. Eles precisam tomar sua própria decisão. Ao receber Jesus como seu Salvador pessoal, meu filho se torna filho de Deus e meu irmão em Cristo, porque Deus não tem netos! Só filhos!
2ª) QUEM CRE É SALVO E QUEM NÃO CRE É CONDENADO
Nunca foi plano de Deus destituir o homem de sua comunhão e de seus privilégios. Com a queda no pecado, o homem se separou de Deus, porque não há comunhão entre luz e trevas, ou santidade com pecado. No Plano Eterno de Redenção de Deus em relação ao homem, está decidido que uma vida se dará por outra vida para haver perdão de pecados. É a Redenção! “De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão.” (Hb 9.22)
No VT, os sacrifícios eram tipos do que aconteceria com Cristo. Cristo consumou o Plano Eterno da Redenção do homem. Foi Jesus mesmo Quem disse a Nicodemos: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”. (Jo 3.36)
É muito sério: Quem crê em Jesus tem a vida eterna! Quem não crê em Jesus não verá a vida e a ira de Deus permanece sobre ele! Não é brincadeira! A paz com Deus só é restabelecida através da Cruz de Jesus!
3ª) O SALVO DA CONDENAÇÃO AO INFERNO RECEBE A CONCESSÃO DE VIDA ETERNA COM DEUS
No dicionário do Aurélio, o verbo salvar significa “tirar ou livrar alguém de perigo ou ruína; é pôr a salvo; livrar de perda total”. É exatamente isso que Jesus veio fazer com o homem pecador: livrá-lo do perigo da condenação iminente; é pôr a salvo da condenação eterna; é livrar da perda total da vida com Deus na eternidade. Jesus disse: “...Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida.” (Jo 5.4). Rejeitar a salvação oferecida e concedida gratuitamente por Jesus é escolher a condenação ao inferno! A condenação eterna é a separação de Deus e a destinação à morte eterna no inferno.
4ª) A EXPERIÊNCIA DE SALVAÇÃO DO HOMEM TEM 3 ASPECTOS
No passado – possessivamente: Pela fé e ação do Espírito Santo, o homem recebe uma nova posição em Cristo, e é justificado e absolvido de seus pecados. Está redimido, reconciliado, perdoado, purificado de seus pecados, já passou da morte para a vida e recebeu a certeza, pelo testemunho do Espírito Santo junto a seu próprio espírito, de que é filho de Deus, conforme Rm 8.16.
No presente – progressivamente: A salvação que é pela Graça de Deus mediante a fé no sacrifício de Jesus. É o poder de Deus transmitido pela pregação da cruz aos que estão sendo salvos – 1Co 1.18
No futuro – futuristamente: A salvação, em sua plenitude, será consumada somente no futuro. O homem é salvo em esperança. Ao crente é apontada a obtenção da salvação total que está prestes a ser revelada - 1Pe 1.3 a 5.
5ª) O CONDENADO À MORTE ETERNA É SEPARADO DE DEUS PARA SEMPRE, ETERNAMENTE
O Evangelho é simples e claro: morte é separação. Vida é presença, é comunhão é sensível. Por mais que a família ame ou goste de seu parente falecido, não temos notícias que alguma família tenha embalsamado o corpo do falecido e conservado numa redoma de vidro na sala de visitas. Alguns personagens históricos que as Entidades (Governos ou Igreja católica) resolveram conservá-los assim para a posteridade. Em 1989, eu visitei o túmulo de Lenin, em Moscou, e vi simplesmente um corpo morto, embalsamado, numa caixa de vidro num mausoléu, como se fosse uma pedra qualquer. Visitei na Santa Sé, no Vaticano, tumbas de papas nas quais só existem os ossos...
Por quê? Porque o corpo está sem vida, está morto. Morto não se comunica, não tem afetividade, não tem sentimentos. O pó deve voltar ao pó!
A Palavra de Deus diz em 1 Jo 5.10 a 12: Se crer em Jesus tem vida eterna; se não crer, não tem a vida eterna!
6ª) A DECISÃO DE SALVAÇÃO DOS PAIS VALE PARA ELES; OS FILHOS PRECISAM FAZER A SUA PRÓPRIA DECISÃO
Meu pai aceitou a Jesus como seu Salvador e Senhor, ele está salvo com o Senhor. Valeu para ele. Está no céu com Jesus! Embora eu tivesse nascido em lar evangélico, tive que tomar minha própria decisão por Jesus, aos 14 anos de idade, por obra do Espírito Santo e da Palavra de Deus, e estou salvo. Aleluia! A obra da cruz valeu para mim.
Pedro respondeu aos que lhe perguntaram: “...: “Irmãos, que faremos?”. Pedro respondeu: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo.” (At 2.36 a 38).
Concluindo, leitores, na ida dos pais aos céus, não existe “carona” para os filhos: ou o filho tem a sua própria experiência em Cristo e é salvo, ou, se não a tiver, está perdido e vai para o inferno. A decisão é individual e pessoal: Você, filho de crente, jovem ou adolescente, receba a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor agora mesmo! A sua decisão por Jesus vai lhe valer a vida eterna com Ele nos céus! A sua rejeição à salvação oferecida por Jesus vai lhe valer a perdição eterna, com o diabo no inferno! Escolha agora! Faça sua decisão por Jesus agora mesmo!
Que Deus assim nos abençoe.
Pr. Ageo Silva
NOTA: Mensagem pregada na IEVY no culto da manhã de 5.5.19.
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