“Esaú correu ao encontro de Jacó e o abraçou; pôs os braços em volta do pescoço do irmão e o beijou. E os dois choraram” (Gênesis 33.4).
Você sabe a diferença entre reforma e restauração? O dicionário diz que reforma é quando há mudança e transformação em um objeto. Restauração é refazer o objeto sem mudar a estrutura, podendo aperfeiçoa-lo.
Deus fez o homem santo. Com a entrada do pecado na vida do primeiro casal, houve a separação do homem e Deus. Aceitando o sacrifício remidor de Jesus na cruz por nós, temos a vida espiritual restaurada. A salvação é somente por meio de Jesus. É ato único, completo e final. A santificação é progressiva. É um processo intermitente. É a restauração diária que o Espírito Santo faz em nós. Restaurar não significa deixar perfeito, mas sim agregar valor em algo que, por algum motivo, perdera esse valor. O Espírito Santo que habita em nós faz esse trabalho de nos restaurar diariamente. Temos diversos tipos de marcas em nosso corpo. Há marcas visíveis ou cicatrizes que podem ser vistas a olho nu. Um corte na pele, rugas, os cabelos brancos e tantas outras que podemos identificar. Existem marcas ou cicatrizes emocionais, que são dores na alma. Estas não podem ser perceptíveis a olho nu. Estas marcas muitas vezes são profundas. São causadas por diversos motivos, a saber: abandono, traição em todos os sentidos, ser molestado ou molestada, calúnia, mentira, fofoca o outras mais que, de alguma forma, nos machucam. Deus quer nos restaurar de todas essas marcas e nos dar uma vida abençoada.
Nestes dias, estava lendo sobre uma técnica japonesa de restauração. Vi muita semelhança nela e na ação de Deus sobre nossas vidas. Esta técnica se chama Kintsugi. Pode ser traduzida como “emenda de ouro” ou “reparo com ouro”. Na cultura japonesa, a técnica é utilizada para reparar peças de cerâmica ou porcelana com o uso de uma laca especial e ouro, platina ou prata. Assim, as partes quebradas ou desgastadas, ao serem coladas umas junto às outras, ganham um novo visual, destacando em uma beleza inédita. A peça quebrada ou desgastada era colada com a laca no local da emenda e era aplicado o pó de ouro, misturado com a laca. Nesta técnica não se esconde a emenda, mas a realçava com o ouro. O Kintsugi, além de restaurar a peça, impede o seu descarte. Ela propõe um novo significado à peça, transformando-a em algo belo e aceito, com todas as suas imperfeições. A peça além de se tornar valiosa pelo ouro e passa a ser única. Torna-se uma obra de arte. Não há reproduções. Deus faz isso conosco. Ele não nos descarta. Não nos joga fora. Ele restaura a nossa vida. Somos únicos para Ele. Somos a “menina dos olhos do Senhor”. É assim que Deus vê o seu povo. É assim que Deus vê você. Ao invés de a laca e o pó de ouro, Deus usa o sangue de Jesus para restaurar sua vida. Ele trabalha as nossas imperfeições. Não as esconde. Ele nos faz dia a dia à semelhança de Seu filho, Jesus Cristo.
A base desta Pastoral é a respeito da história de Jacó. Jacó havia enganado seu pai e, com isso, recebeu a bênção da primogenitura que era de seu irmão gêmeo Esaú. Jacó imaginou poder ter a benção sem ter santidade. Ele tinha sérios problemas de caráter: mentira, engano, fraqueza moral, inimizade com seu irmão, enganador, oportunista, ganancioso, egoísta e outras. Jacó tinha a ideia de barganhar com Deus, comprar a Benção. Enganou seu irmão que ficou furioso e prometeu matar Jacó. Com medo de morrer, Jacó fugiu. Jacó foi morar com seu tio Labão e lá constituiu família. Deixou a família de seus pais, os amigos, seus relacionamentos e fugiu. Mas Deus o quebrou. Deus o confrontou e também o abençoou e o restaurou. Deus o abençoou e iniciou com ele o processo de restauração. Depois de 20 anos ele quis retornar, mas o pecado estava lá dentro, no seu passado, atormentando-o. Jacó trazia consigo as marcas e as cicatrizes de seu caráter ainda não restauradas. Jacó continuava em crise e precisava definir a situação.
Duas atitudes foram muito importantes neste processo de restauração de Jacó para com Deus e para com Esaú.
A primeira atitude de Jacó foi de enfrentar o seu passado (Gn 32.4 a 8). Com esta atitude ele teve que encarar a inimizade de Esaú. Teve que enfrentar sua mentira, admitir sua trapaça.
A segunda atitude dele foi de ficar só e na presença de Deus (Gn 32.23 e 24).
Para esse encontro com Esaú, Jacó fez passar adiante de si tudo o que lhe pertencia, ou seja, sua família, seus empregados, seus rebanhos e bens. Jacó, como um filme, fez passar pela sua mente seus relacionamentos, suas preocupações, seu passado. Peniel significou para ele solidão, lugar de reflexão profunda, separação absoluta e oportunidade de restauração. Jacó estava quebrado por suas atitudes. Deus também o quebrou na luta com ele. Deus desarticulou o nervo da perna de Jacó e o confrontou. Deus também restaurou Jacó para ele poder restaurar o relacionamento com Esaú. O propósito de Deus em levar-nos a Peniel é de nos confrontar com nossa real situação. É de nos restaurar. Como na técnica Kintsugui, Deus quer colar cada pedacinho nosso, com o sangue de Jesus. Ele quer nos fazer únicos, como uma obra de arte, de valor imensurável, pois temos o Espírito Santo em nós.
Querido leitor, você é único para Deus! Ele quer agir em sua vida. Se você tiver alguma pendência com Deus ou com alguém, ore ao Senhor e vá ao encontro de seu passado. Fique a sós na presença do Pai, e permita que Ele o restaure. Se for necessário procurar alguém e pedir perdão, faça isso e receba a benção do Senhor em sua vida.
Que o Senhor o abençoe e que sua vida seja restaurada em Nome de Jesus.
No amor do Mestre.
Pr. Elbem Sardinha.
NOTA: Mensagem pregada no culto da manhã do domingo, 20.9.20, na IEVY.
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